Mariana Brito Neves, ou Mary Person, jogou futsal durante muito tempo em equipes de São Paulo, Minas Gerais, Paraná e Mato Grosso do Sul. Natural de Piracicaba, recorda que havia competições da modalidade durante todo o ano na região. Aos seis anos, apaixonou-se por futebol quando assistiu pela televisão aos jogos da Copa do Mundo. Seu pai jogou por equipes amadoras, o irmão foi jogador de vôlei e a mãe, pedagoga, gosta muito de esportes no geral. “Seguir dentro desse segmento foi natural tamanho o incentivo e paixão da minha família”, conta. Há alguns anos, Mariana transferiu-se para os Estados Unidos, onde joga a liga universitária americana, além de trabalhar com gestão e área técnica. Aos 33 anos, Mary é formada em Physical Education with concentration in Sports Management (Goshen College/USA), fez cursos de futebol ministrados pela the FA, USSoccer e estágio de futebol na França com treinador UEFA pro.
GURIA BOLEIRA – Mariana, a tua carreira aconteceu, de fato, nos Estados Unidos, especialmente em universidades, é isso?
MARY PERSON – Não posso dizer que minha carreira aconteceu nos Estados Unidos. Gracas a Deus, minha carreira foi sólida e vitoriosa por onde passei. Acho que o que vale ponderar é que minha carreira teve maior visibilidade quando fui para os Estados Unidos, em relação à curiosidade das pessoas. As oportunidades nos Estados Unidos sempre tiveram um status maior. Joguei a liga universitária com destaque, joguei a WPSL pelo FC Indiana e depois pelo Spartans FC. Consegui aproveitar as chances que me deram e acabei enveredando para o lado da gestão esportiva e depois de treinadora.
GURIA BOLEIRA – Houve alguma dúvida em algum momento? Vontade de voltar?
MARY – Dúvidas sempre existem, em alguns momentos de uma forma mais explícita ou forte, mas sempre tive muita certeza do que queria e do caminho a seguir. Ir aos Estados Unidos foi uma decisão minha. Eu sempre estive muito lúcida em relação as dificuldades e diferenças que encontraria, mas nunca me permiti perder o foco por isso.
GURIA BOLEIRA – O futebol feminino é muito forte nos EUA… Imaginas que, um dia, as atletas não precisarão sair do Brasil para alcançar estabilidade financeira?
MARY – O futebol feminino, na minha opinião, é bem mais forte e técnico no Brasil. O que acontece nos Estados Unidos é que todos os envolvidos na modalidade e, principalmente as atletas, têm uma consciência de classe e, consequentemente, um lugar de fala muito maior e muito mais comprometido do que no Brasil. E é essa postura que as atletas têm que faz as coisas serem melhores, não para um grupo X ou Y, e sim para a modalidade. Então, espero que, um dia, as pessoas que mexem com o futebol feminino no Brasil assumam essa conduta. Em fazer o bem para a modalidade e não para seus umbigos.
GURIA BOLEIRA – E a Seleção Brasileira, Mary? Sonhas vestir a amarelinha?
MARY – Não! Até tive esse sonho quando criança, talvez na adolescência, mas depois que adquiri meu diploma, viajei o mundo e tive o prazer de trabalhar, vivenciar e aprender sobre futebol com outras potências mundiais do futebol, percebi que tenho valores e ideologias diferentes da CBF.
GURIA BOLEIRA – Pretendes voltar para o Brasil, trazer para cá um pouco do que vivencias nos EUA?
MARY – Eu sempre que posso estou no Brasil, quando não fisicamente, sempre em contato com pessoas que trabalham com o esporte. Sou ativa na minha comunidade e tenho essa responsabilidade de não só passar pra frente o que venho aprendendo, mas também de aprender com as pessoas daqui. É uma troca de experiência mútua e enriquecedora para mim.
GURIA BOLEIRA – Quais teus planos a curto, médio e longo prazo?
MARY – Pode parecer estranho mas não sou uma pessoa de me preocupar em fazer planos. Vou vivendo. Atenta às oportunidades, sempre estudando e preparada e, assim o que vier, se for interessante, agarro, senão me reinvento.
Izabel Rachelle – 06/02/2018